terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sessão do dia 30 de novembro de 2012


Trailer:


Sinopse:

Diretor: Kim Ki-dur. Ano : 2003. Resenha: Nos Aforismos para a Sabedoria de Vida, o filósofo Arthur Schopenhauer defende a solidão como o mais sábio dos caminhos e ainda argumenta que vaidosos são todos os tolos que não conseguem ficar calados. Fiódor Dostoiévski chegou a escrever: ''o silêncio é sempre belo, e o homem que cala é mais belo que o homem que fala''. Poucos são os disciplinados na arte de silenciar. Nos dias de hoje, parece que é sempre mais confortável ter algo a dizer de si e dos outros. O silêncio incomoda a maioria.

A obra-prima de Kim Ki-duk tem pouquíssimos diálogos e se aproxima mais de um discurso poético visual. Concebido como parábola em torno dos preceitos do budismo, o filme apresenta uma beleza ímpar. A vida é entendida como um ciclo em que cada estação corresponde a um estágio do aprendizado humano.

Afastar-se dos homens de intelecto obtuso para vivenciar as práticas budistas é algo que exige força e disciplina. Um monge budista (Oh Young-su) vive com uma criança pequena (Seo Jae-kyung) numa casa flutuante no meio de um lago, cercado de picos montanhosos. O mestre educa o garoto de forma rigorosa. Cada estação que passa traz uma fase da vida do pupilo, da infância à maturidade. O discípulo experimenta passa por privações e experimenta a dor de uma paixão. ''A luxúria leva ao sentimento de posse, e o sentimento de posse leva à morte'', avisa o velho monge.

No inverno, o velho monge ergue sua pira funerária. O discípulo já maduro retorna ao santuário de sua juventude, em busca de paz e silêncio para poder cumprir seu destino. Quando uma mulher leva um bebê menino ao templo, o monge empreende uma jornada de expiação para colocar uma estátua sagrada no topo de uma montanha gelada. Com isso, se prepara para criar e instruir outro novo monge. Assim como as estações continuam a se alternar (como indica o título), o mosteiro permanece como a morada do espírito.

Cada um dos cinco episódios é marcado por um animal diferente: um cão, um galo, um gato, uma serpente e uma tartaruga. Feito ouroboros (a serpente que morde o próprio rabo), a narrativa é cíclica, com portas que se abrem perante o espectador. Para cada estação, Kim Ki-duk observa a mudança do tempo e a relação do homem com a natureza. Vencedor de quatro prêmios no Festival de Locarno e da categoria de Melhor Filme por júri popular, no Festival de San Sebastian, o filme destaca o poder da meditação.

P.S.: Resenha publicada no Jornal O POVO em 09/05/2005
Fonte: http://imagem_em_movimento.blogspot.com.br/2005/05/primavera-vero-outono-inverno-e.html